ATIVIDADE 1 – ECO – FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – 54/2023
Imigração e colonização forma temas sempre presentes no debate sobre o desenvolvimento econômico e social do Brasil a partir da vinda da corte de D. João, ou melhor, desde o decreto de 25 de novembro de 1808, que permitiu o acesso à propriedade fundiária a estrangeiros, antes reservada apenas aos naturais da Colônia ou do Reino. Recorrer aos contingentes de emigrantes da Europa e o aproveitamento de áreas desocupadas com pequenas propriedades policultoras, trabalhadas pelos proprietários e suas famílias, eram processos intimamente ligados até pelo menos as primeiras medidas restritivas à imigração, já no começo do governo de Getúlio Vargas.
Desde o período de D. João VI, o Brasil passou, portanto, a disputar parcela das correntes de emigrantes europeus a fim de estabelecê-los em àreas desabitadas como pequenos proprietários policultores. Em 1818 criou-se, assim, Nova Friburgo, nos arredores do Rio de Janeiro, com imigrantes suíços. Recorrendo a alemães, instalou-se próximo a Porto Alegre em 1824 o núcleo colonial de São Leopoldo. Daí para frente, até o fim da Primeira República, esses projetos de colonização com imigrantes sucederam-se, sendo vastas áreas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e do Espírito Santo ocupadas dessa maneira.
A partir da década de 1840, entretanto, parcela dos imigrantes que procuravam o Brasil foi disputada pelos cafeicultores paulistas que pretendiam usar o imigrante como braço nas suas lavouras em substituição ao escravo. Os projetos de colonização com imigrantes terão, portanto, a fazenda de café, principalmente a de São Paulo, como concorrente ao destino do imigrante, sendo essa concorrência particularmente sentida nos anos que se seguem à abolição da escravidão.
Migrações transoceânicas, êxodo rural, industrial e urbanização mais acelerada são aspectos de um mesmo fenômeno. A procura de trabalho e o sonho de conseguir um pedaço de terra tornavam a América, onde havia terras disponíveis em abundância, o centro das atenções de grandes massas de europeus que em muitos casos viviam em estado de pauperismo.
PETRONE, M. O imigrante e a pequena propriedade (1824-1930). São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.
Um dos principais aspectos do fenômeno das migrações transoceânicas é justamente a miragem ou a possibilidade de acesso à propriedade fundiária. Nas fontes alternativas – cartas, diários e relatos dos emigrantes – aparece constantemente o fascínio que o apelo à possibilidade de acesso à terra exerceu sobre os emigrantes. Até populações urbanas, frente ao pauperismo ao qual foram relegadas pela industrialização, sonham romanticamente,em se transformar em proprietários de um pequeno pedaço de terra e assim deixar de pertencer ao proletariado. Dentro dessa temática, para o caso brasileiro, a economia cafeeira teve um papel fundamental.
Diante disso, elabore um texto, que justifique o fim da escravidão com a política imigratória, no contexto econômico do café.